A Nossa Imobiliárias tem assistido a um aumento nas vendas e arrendamentos de casas com terraço ou espaços envolventes, nos últimos três meses, e que há mais preocupação com espaços exteriores e de trabalho, devido ao “grande confinamento”.

“A procura por espaços exteriores já era uma realidade em crescimento antes da pandemia, mas o confinamento veio intensificar a importância destes espaços com o aumento das horas que passamos em casa. […] Só nos últimos três meses, em plena pandemia, A Nossa Imobiliária teve um aumento de 35% nas vendas e arrendamentos de casas com terraço”, afirmou, em comunicado, a responsável pelo segmento residencial da A Nossa Imobiliária, Helena Malhado

A Nossa Imobiliária divulgou hoje os resultados do inquérito “Nova vida, nova casa?”, para perceber, junto de cerca de 150 inquiridos, qual o impacto da pandemia nas necessidades habitacionais dos portugueses e as novas preocupações que surgiram desta experiência.

O estudo conclui que 49% dos portugueses faria ajustes na sua casa devido à pandemia, sendo a criação de um espaço de trabalho (51%) e a modernização do espaço exterior (34%) as duas principais alterações, destacando-se ainda a intenção de redecorar a casa (33%).

Mais, 43% dos inquiridos mudaria de casa como consequência do confinamento, quando antes da pandemia apenas 19% estava à procura de uma nova habitação.

Na procura de uma nova casa, a possibilidade de ter um espaço exterior privado foi a condição que ganhou maior relevo depois do confinamento, passando no grau de “muito importante” de cerca de 40% para 60%.

Este fator foi mais valorizado por quem vive em apartamento, bem como por quem vive com parceiro/a e filhos.

Segundo A Nossa Imobiliária, a existência de um “escritório doméstico” passou a ser outra prioridade na procura de casa, aumentando de um critério de cerca de 20% dos inquiridos para cerca de 40%.

“A massificação do teletrabalho durante o confinamento está na base desta valorização, pois se antes 59% dos participantes não trabalhava em casa, agora 84% acredita ser ideal trabalhar a partir casa, pelo menos um dia por semana, exigindo um espaço adequado para isso”, refere o estudo.

No entanto, apenas 15% dos inquiridos admitiu que se mudaria para fora das cidades ou centros urbanos.

O inquérito “Casa Nova Realidade? — Teve a pandemia Covid-19 impacto nas necessidades habitacionais?” foi concluído em Junho, com respostas de cerca de 1.400 pessoas, das quais 59% do sexo feminino e 41% do masculino.

Do total de inquiridos, 32% tem entre 35 e 44 anos e outros 34% entre 45 e 54.

A maioria dos inquiridos (59%) vive no centro urbano, 27% na periferia urbana e os restantes 14% fora da cidade.

A covid-19 é uma doença transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a sua propagação, foi decretado um dever geral de confinamento em casa, com as pessoas em teletrabalho, ‘lay-off’, assistência à família, ou mesmo sem emprego.




Os preços das casas continuam a subir e o valor de vendas atingiu um recorde. Os dados do terceiro trimestre deste ano colocam 2019 na rota para ser o melhor de sempre em receitas de vendas de habitações. Dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) revelam ainda outro indicador: o boom no setor imobiliário português alastrou ao Alentejo e à região centro. Ambas as regiões bateram máximos de sempre em vendas de casas, tanto em valor como em número de transações. A região centro registou vendas de 850 milhões de euros, um máximo histórico, enquanto o Alentejo teve vendas de 260 milhões, o que também é um recorde.

Com os preços a subir, o setor aquece em mais regiões. A região norte também teve o melhor trimestre de sempre em vendas, com transações num total de 1,5 mil milhões de euros. A Área Metropolitana de Lisboa, a região norte e o Algarve perderam quota na venda de casas para aquelas regiões, pelo terceiro trimestre consecutivo.

“Os dados relativos ao terceiro trimestre indicam que o mercado imobiliário continua resiliente e que o processo de abrandamento da atividade deste mercado está a ser mais lento do que o previsto. Assim, continuamos confortáveis com a nossa atual previsão de que os preços das casas aumentarão 9,3% em 2019”, admite Teresa Gil Pinheiro, economista do BPI, numa análise divulgada ontem sobre os dados do INE. O banco adianta que “tendo por base os dados do terceiro trimestre esta previsão possa vir a sofrer algum ajuste em alta”.

Índice de preços em máximos

O Índice de Preços da Habitação do INE aumentou 10,3% entre julho e setembro, face a igual período do ano passado. O aumento ficou acima das previsões de analistas, incluindo do BPI, que estimava um aumento de 9,7%. Face ao trimestre anterior, a subida dos preços foi de 1,2%, menos 0,2 pontos percentuais do que a subida registada no segundo trimestre, em cadeia.

A forte subida dos preços registada entre julho e setembro elevou a taxa média anual em 0,5 pontos percentuais para 9,8%. “A aceleração dos preços das habitações existentes foi o que mais contribuiu para o crescimento mais forte dos preços”, destaca o BPI.

O terceiro trimestre foi também o melhor de sempre em termos de receita da venda de casas, que atingiu 6,5 mil milhões de euros. Entre o início do ano e o final de Setembro a venda de casas soma 18,6 mil milhões de euros, mais 4,3% do que em igual período de 2018.

Segundo os dados do INE, foram vendidas mais casas no terceiro trimestre do que nos dois trimestres anteriores. Mas foram vendidas menos 105 habitações do que no mesmo período do ano passado. Ao todo, foram transacionadas no terceiro trimestre 45 830 habitações. Elevam-se assim para
132 246 as casas vendidas neste ano, até setembro, menos 24 do que no período homólogo. “A redução nas transações refletiu a contração das vendas de novas habitações em 2,5%; as transações de habitações existentes aumentaram 0,2% homólogo”, explica o BPI.

Incerteza para 2020

Em média, o valor de venda subiu para 141 mil euros, face a 136 mil euros no terceiro trimestre de 2018.

“Em termos homólogos temos sentido um ligeiro abrandamento no número de transações efetuadas, que se justifica essencialmente pela diminuição do stock existente. No entanto, no que diz respeito a valores de transações, verificamos um aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior, que demonstra que os valores de venda têm vindo a crescer”, afirmou Luís Lima, presidente da APEMIP – Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, citado num comunicado.

Para o presidente da APEMIP, é difícil prever o comportamento do mercado para o ano que se aproxima. “É expectável que o mercado sinta uma estabilização ou uma ligeira quebra no número de transações imobiliárias. No entanto, é difícil prever o seu comportamento, uma vez que é extremamente complexo monitorizar um mercado onde há fortes desequilíbrios entre a oferta e a procura. Neste caso, a oferta existente não é suficiente para dar resposta às necessidades da procura, que tem vindo a crescer, não só no mercado de compra e venda como no mercado de arrendamento”, indicou.

A economista do BPI prevê que, em 2020, “o ritmo de crescimento dos preços irá ser mais moderado, refletindo o incremento da construção residencial, o efeito de uma possível desaceleração do setor do turismo e tendo em conta a incerteza da envolvente externa”.




As taxas de juro implícitas no crédito à habitação seguem uma trajectória descendente, tendo atingido em Maio o valor mais baixo desde, pelo menos, o início de 2009, data que marca o arranque da sequência histórica do Instituto Nacional de Estatística (INE). A redução no mês passado (à semelhança de abril) é atribuída ao regime das moratórias de crédito, que suspende – até Março de 2021 – o pagamento, total ou parcial, da prestação mensal das famílias com o crédito à habitação e a que aderiram muitos milhares de portugueses devido à pandemia da Covid-19.

Em concreto, esta taxa fixou-se nos 0,903% em Maio, o que corresponde a uma descida de 4,4 pontos base face ao mês anterior (0,947%). Tendo em conta apenas os contratos de empréstimos para a compra de casa celebrados nos últimos três meses também se verificou uma descida para mínimos. A taxa recuou de 0,891% em Abril para 0,845% em Maio.

O valor médio da prestação vencida desceu para 227 euros em Maio (descida mensal de 10 euros e homóloga de 19 euros). Deste valor, 41 euros (18%) correspondem a pagamento de juros e 186 euros (82%) a capital amortizado. No caso dos contratos firmados no último trimestre, o valor médio da prestação caiu para 258 euros.  

“As reduções das taxas, bem como da prestação média mensal, observadas em abril e maio, poderão estar associadas às alterações decorrentes do regime de moratória”, explica o INE.

Taxas de juro implícitas calculadas através do quociente entre juros pagos e capital em dívida

O efeito contrário fez-se sentir no capital em dívida, que também devido às moratórias registou uma subida assinalável no mês passado. Isto porque quem solicita o uso das moratórias consegue reduzir os custos nesta altura, mas agrava os pagamentos no futuro.

Em Maio, o capital médio em dívida para a totalidade dos contratos subiu assim 124 euros face ao mês anterior e 1.230 euros face a maio de 2019, fixando-se nos 54.010 euros, segundo o INE. Já nos créditos à habitação concedidos nos últimos três meses, o montante médio do capital em dívida foi 108.189 euros, mais 302 euros que em abril.